Se existe um debate antigo, é esse: ativo desde pelo menos os dias de Sigmund Freud, o grande mistério permanece – as mulheres podem obter o clímax através apenas da estimulação vaginal? E há alguma diferença entre os chamados orgasmos clitorianos e vaginais?
Uma nova série de estudos afirma que o orgasmo vaginal e clitoriano são, de fato, fenômenos distintos, ativando diferentes áreas do cérebro e, talvez, revelando as principais diferenças psicológicas entre as mulheres.
Na teoria, desvendar o mistério de saber se existe orgasmo vaginal deveria ser simples: perguntar às mulheres se elas o têm. Mas, na prática, é um pouco mais difícil detalhar a estimulação sexual que leva ao orgasmo.
O ginecologista francês Odile Buisson argumenta que a parede frontal da vagina está intimamente ligada às partes internas do clitóris, e estimular a vagina sem ativar o clitóris pode ser quase impossível. Assim, orgasmos “vaginais” poderiam ser orgasmos clitorianos com outro nome.
Outra pesquisa, entretanto, sugere dois tipos distintos de orgasmo feminino. Barry Komisaruk, da Universidade Rutgers,
conduziu vários estudos em que as mulheres se masturbavam, enquanto seus cérebros eram escaneados com ressonância magnética funcional.
conduziu vários estudos em que as mulheres se masturbavam, enquanto seus cérebros eram escaneados com ressonância magnética funcional.
Os resultados mostram quais áreas do cérebro sensoriais se ativam em resposta à estimulação. “Se a estimulação da vagina é simplesmente via estímulos clitorianos, então a estimulação vaginal e estimulação clitoriana deveriam ativar o mesmo local no córtex sensorial”, disse Komisaruk. “Mas não é isso que ocorre”.
As áreas cerebrais de estimulação clitoriana, vaginal e cervical ficam próximas, mas apenas se sobrepõem ligeiramente, como um “cacho de uvas”.
Também há outras provas de vários tipos de orgasmos. Mulheres relatam que o orgasmo vaginal e clitoriano parecem diferentes. Também relatam orgasmos a partir de atividade física ou imaginação. Mulheres com lesão medular, que corta toda a comunicação entre o clitóris e o cérebro, ainda podem ter orgasmos com estimulação vaginal.
“O orgasmo em mulheres está no cérebro, pode ser sentido e estimulado de várias regiões do corpo, bem como a partir de imagens por si só”, disse Beverly Whipple, uma das descobridoras do controverso “ponto G”, uma área na parede frontal da vagina que pode ser particularmente sensível à estimulação sexual.
Um outro estudo descobriu que mulheres que têm orgasmos vaginais têm uma frequência cardíaca de repouso mais baixa.
Outras pesquisas descobriram que mulheres que têm orgasmo sem estimulação clitoriana são menos propensas, em média, a usar certos mecanismos psicológicos desajustados de enfrentamento, como somatização (sintomas psicológicos que se manifestam como queixas físicas), deslocamento (deslocar uma emoção sobre uma pessoa ou objeto para outro), e isolamento de afeto (desligar as emoções de experiências).
“Imparidade do orgasmo vaginal está associado especificamente com uma variedade de outras deficiências psicológicas”, afirma o psicólogo Stuart Brody, que esteve envolvido nesse estudo.
Os resultados dessa pesquisa não devem ser entendidos como um juízo de valor sobre as mulheres que não experimentam o orgasmo vaginal. Brody apenas argumenta que ensinar as mulheres que os orgasmos se originam apenas no clitóris diminui os orgasmos vaginais, o que poderia contar como “negligência”.
Enfim, os dados, as pesquisas e as opiniões dos especialistas são muito variados. Sobrou para você, mulher, concluir no quê acredita (baseado no que sente).
Mas um mito que todos os pesquisadores concordam que deve ser abolido é de que a vagina é insensível. Essa ideia começou a se espalhar devido ao sexólogo Alfred Kinsey, que relatou que as mulheres não respondiam à sensação de um fio de algodão esfregado ao longo de suas paredes vaginais.
No mesmo estudo, mais de 90% das mulheres sentiu quando pressão foi aplicada às suas paredes vaginais. Mas a primeira informação gerou o equívoco de que a vagina e o colo do útero não causam nenhuma sensação.
Apesar de tudo isso, os cientistas dizem: a mulher tem um “equipamento” muito complicado. As que não têm orgasmo vaginal não devem se sentir inferiores. “Uma mulher deve ter um entendimento de quem é ela, como seu corpo é composto, mas não deve estar à procura de algo, como o orgasmo do ponto G ou o orgasmo vaginal, como se fosse uma necessidade, um dever, pois perderá o melhor do sexo”, disse a italiana Emmanuele Jannini, que encabeçou a nova pesquisa sobre os orgasmos vaginais e clitorianos serem diferentes.
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